06/09/16 - Por Dennis Guerra: Durante os últimos dias, ao tentar decidir sobre a melhor forma de descrever sobre a data de hoje, na qual eu completo quinze anos como integrante da Guarda Civil Metropolitana, realmente me senti um tanto confuso.
A confusão se dá pela incerteza do que escrever. Seria mais apropriado destacar vitórias e conquistas nos anos anteriores ou a enorme insatisfação profissional na qual estou afundado nesse momento?
Alguém me disse que "... pessoas como nós não devem - nunca - demonstrar desmotivação, para não influenciar negativamente outras pessoas que confiam em nós...". Gostei. Todavia, o difícil é encontrar quem não esteja insatisfeito - em algum grau - com a profissão. Digo isso por conversar todos os dias com profissionais que estão na ponta, e não no topo. Veja ainda: Diários de Motocicleta
Formatura, vista do alto do prédio do Palácio das Indústrias - Antiga sede da Prefeitura de São Paulo. Um registro fotográfico, com um certo desvario, por ter subido à sacada sem autorização.
Alguns diriam que isso não ocorre e que, na verdade, seria totalmente o contrário. Diriam até mesmo que essa foi a melhor fase da corporação. Eu até acreditaria nisso se uma Pesquisa de Clima fosse promovida com os integrantes. Mas uma pequisa séria, organizada por órgão independente. Apenas parábolas, suposições e o dom da oratória não me convencem mais - nem ao menos para buscar informações que comprovem o que foi dito.
E eu me pergunto onde está aquela energia e satisfação pessoal que, a cada término de plantão, eu reclamava o porquê as horas passavam tão rápido. Hoje, se arrastam...
Amigo é coisa para se guardar
Mas, ao invés de lamuriar, prefiro comentar sobre o encontro com um grande colega dias atrás. Muitas lembranças vieram automaticamente em minha mente. De certa forma, eu considero que aqueles anos foram a minha Era de Ouro profissional. Sobre esse encontro, comentei em uma rede social:
"Hoje, por acaso, encontrei um dos caras que mais me inspiraram no trabalho. Esse cara é um daqueles que trago no coração como uma das verdadeiras referências, e o que me tornei como profissional. Aquela situação na qual diploma algum pode ensinar o que ele ensinou. Pereira, hoje afastado - Chuck, como os mais próximos o chamavam - era uma daquelas pessoas capaz de lhe surpreender a cada novo dia de trabalho. O primeiro contato que tive com ele... Bem, isso eu deixarei para um outro momento".
Quando eu iniciei como motociclista, fui até uma determinada inspetoria para retirar botas - que haviam sido doadas pela CET. Ao tentar escolher entre as 'diversas opções', cheguei a conclusão que dali nada seria aproveitado.
Fui até a Inspetoria de Apoio Motorizado - IAMO. Lá fui recebido pela equipe e, ao explicar o meu caso, o GCM Pereira me entregou um par de botas. Quando eu perguntei quando deveria lhe pagar, ele simplesmente disse que isso não seria necessário. Nos conhecemos naquele dia.
E algumas histórias para se esquecer
Desabafo
E, quando eu ainda tinha dúvidas sobre o que escrever, recebo uma ligação. Logicamente não vou identificar a pessoa - a não ser que se tratava de um guarda civil. Nós não nos conhecemos, e ele apenas ligou porque precisava desabafar.
Comentou comigo sobre a pressão que está sofrendo de vagabundos em seu bairro, após uma ocorrência na qual ele salvou uma pessoa. O risco que a sua família está correndo, após tantas ameaças dos criminosos. Que não consegue entender como uma pessoa que serviu a sociedade tem que passar por algo assim, sem apoio. E que não lhe resta outra coisa senão mudar de endereço. Mas, para isso, ele precisa que a sua aposentadoria seja liberada. E mais: Guarda civil é atacado por bandidos no Dia do GCM
Quando consideramos inúmeros casos do tipo, temos a certeza que a coisa vai de mal a pior. E que, indiferente a tudo isso, o mundo continua a girar e o guarda a se virar.
Sinceramente eu nem sei ao menos dizer qual o meu intuito ao escrever este texto. Só o fiz para falar um pouco sobre o que ocorre - ou ocorreu - com outras pessoas. Talvez assim, fazendo uma espécie de catarse, eu espante os meus próprios demônios. E quanto aos cramunhões coletivos?
"... Vamos celebrar a nossa tristeza. Vamos celebrar a nossa vaidade..."
Perfeição. Legião Urbana
Boa tarde!
ResponderExcluirNinguém comenta,mas,a Nossa querida e amiga Paula Dias tbm passou por isso...lembra?
E ela é sozinha tbm!
Amigo sempre acompanho suas publicações.
ResponderExcluirSempre digo algumas frases,(tic tac bum),(mundo de mentiras),mas não desanime apesar de eu estat desanimado e não ver uma luz no fim deste túnel sombria,vivo somente de esperança também passei pelo mesmo problema que os amigos dos comentário anteriores mas estou sobrevivendo sempre com um sorriso no rosto e uma grande tristeza no coração.
Olá Gcm's e simpatizantes, acho que em 15 anos de prestação de serviços públicos, agora afastada por problemas psicológicos e psiquiatras tem um pouco à contar, mas não vai ser agora, pois essa mania do guarda só contar o pior que há com ele deve acabar, muita desmotivação.
ResponderExcluirEu amo ser guarda e hoje não sei se vou voltar, as vezes me pego sorrindo com as lembranças. ..sinal de que valeu a pena, quem me conhece sabe que não sou de ficar interna, dei o meu melhor e não me arrependo de nada. Apesar dos pesares acredito que a guarda há de mudar. ..QRV.
Bebel, sim... já comentamos aqui diversas vezes. Obrigado por participar!
ResponderExcluirWillua, meu brother... estamos aí para o que der e vier. Obrigado por no acompanhar e participar!
ResponderExcluirElaine antos, digna a sua participação! O que ocorre não pode ser resumido à uma simples mania do 'guarda só comentar o pior'. E, principalmente, se o motivo de sua licença não tiver o nexo causal com o trabalho - como gostam de afirmar os técnicos no assunto - aguardaremos ansiosamente o seu texto. Obrigado por participar!
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